CMPC aborda os desafios de restauração das áreas afetadas pelos incêndios rurais
A empresa foi convidada a apresentar pela “Acción Empresas” sobre as soluções baseadas na natureza no âmbito da NAP Expo 2023, congresso internacional que promove avanços nos Planos Nacionais de Adaptação às Mudanças Climáticas, que nesta versão foi realizado em Santiago, Chile.
Diante de representantes de 194 países, o gerente de Sustentabilidade da CMPC, Nicolás Gordon, explicou como as equipes da empresa voltaram aos territórios da zona centro-sul do Chile para restaurar as áreas devastadas pelos incêndios que atingiram o país em fevereiro passado. A exposição foi realizada na NAP Expo 2023, congresso organizado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC) que busca promover a troca de experiências e estimular parcerias entre stakeholders para o avanço dos Planos Nacionais de Adaptação as Mudanças Climáticas (NAP, devido a suas siglas em inglês).
Especificamente, Gordon apresentou no painel de conversação “Aplicação de Soluções Baseadas na Natureza para Adaptação Climática” – organizado pela Acción Empresas, entidade convidada a participar do evento pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério do Meio Ambiente – junto a quatro representantes da outras empresas, ONGs e Think Tanques. No evento, Gordon contou como a empresa está usando soluções baseadas na natureza (SbN) para o planejamento das terras após os incêndios florestais. “No Chile sabemos que esta é a nossa nova realidade e, portanto, dificilmente poderíamos pensar em como nos recuperar disso fazendo tudo exatamente como temos feito. E isso não só como empresa, mas como usuários de um território que é compartilhado com outras indústrias e habitantes”, destacou.
Em sua apresentação, Gordon explicou que na CMPC foram identificados quatro elementos centrais que desencadeiam uma resposta em situações como incêndios. Em primeiro lugar, há uma das questões principais: o acesso à água. “Sem água, as pessoas e empresas e outras instituições que operam nestes territórios estão com sérios problemas”, afirmou. Em segundo lugar, há o impacto na infraestrutura, seja ela pública ou privada. “É aqui que, em geral, o governo atua com bastante rapidez e eficácia”, acrescentou. Depois, há o terceiro elemento, que tem a ver com a reativação econômica e o impacto na qualidade de vida e na renda das pessoas. Por fim, destacou, há a crise ambiental, por deixar o solo completamente descoberto.
Nesse sentido, destacou que passados os dias mais difíceis da catástrofe, a empresa se perguntava como retornar aos territórios. Dessa forma, desenharam um plano de restauração de bacias hidrográficas em três etapas – Mitigação, Reflorestamento e Restauração e Monitoramento e Melhoria – com duas áreas prioritárias definidas em conjunto com as comunidades. De um lado, as Áreas de Alto Valor de Conservação Biológica e Floresta Nativa (determinadas pela certificação florestal FSC) e de outro, as Áreas de Alto Valor de Conservação para os serviços, como bacias de abastecimento de água.
Gordon assegurou que este plano oferece uma forma complementar não só do que pode ser feito em termos de adaptação, mas também na perspectiva de recuperação após uma catástrofe. “É pegar em uma experiência muito negativa, como a que vivemos nos incêndios, e transformá-la em algo positivo, pensando que de alguma forma você pode redesenhar a paisagem com condições diferentes das que você já tinha. Se passarmos a vida tentando nos recuperar dos impactos negativos da sustentabilidade, nunca progrediremos. Mas se projetarmos respostas para chegar a um estado melhor do que antes, podemos progredir. Essa é a lógica com a qual estamos trabalhando na recuperação após os incêndios”, explicou.
Por último, a empresa irá trabalhar na reflorestação, tendo como prioridade duplicar a área destinada a zonas de proteção, aceiros, anéis de proteção, corredores biológicos e espaços com usos agro-sociais, além de promover a conservação do Pitao, uma das espécies mais afetadas pelas queimadas e de grande importância para as comunidades. Nesse sentido, o gerente de Sustentabilidade da CMPC explicou que existe um componente que tem a ver com a forma como são implementadas as soluções baseadas na natureza. “No nosso caso, é por meio de empresas terceirizadas de serviços locais. Isso dá a possibilidade de ter os beneficiários destas soluções a trabalhar na sua implementação, pessoas que realmente querem os locais onde estes projetos são desenvolvidos”, acrescentou.
Um ponto em comum entre os expositores foi a relevância do trabalho colaborativo para alcançar avanços relevantes nesses temas. Todos destacaram que as sinergias e a geração de alianças entre organizações públicas e privadas e organizações independentes são extremamente importantes para enfrentar as mudanças climáticas com soluções baseadas na natureza.
Com Gordon estiveram presentes o especialista em Biodiversidade e Soluções Baseadas na Natureza da Anglo American Rafael Ascanio, o subgerente de sustentabilidade das Aguas Andinas, Felipe Sánchez, e a diretora de Estratégia e Modelos de Conservação da ONG The Nature Conservancy no Chile, Maryann Ramírez. A mesa de conversa, moderada pela gerente geral da Acción Empresas, Marcela Bravo, também contou com Mauricio Luna do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.
Esta é a oitava edição da NAP Expo e será realizada em Santiago até o dia 30 de março.