Comitê de especialistas apresentou 14 propostas para acelerar a neutralidade de carbono no Chile e destaca o papel do setor florestal

Durante cinco meses, a iniciativa, convocada pela ministra do Meio Ambiente, Maisa Rojas, e composta por 19 especialistas, trabalhou para apresentar um relatório final sobre soluções em temas que abrangem segurança hídrica, resiliência e redução de emissões, desafios na área energética, entre outros.

O CEO da CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, foi um dos 19 especialistas do comitê. Na ocasião, destacou-se o papel fundamental do setor florestal para o cumprimento dos desafios ambientais, especialmente em termos de captura de CO2, por meio das plantações e da construção em madeira.

Convocado em março de 2024 pelos Ministérios do Meio Ambiente, Economia, Energia, Ciência, aos quais se somaram Agricultura e Obras Públicas, o Comitê de Carbono-Neutralidade e Resiliência foi formado para acelerar a transição rumo à neutralidade de carbono e à resiliência da economia por meio de propostas de curto e médio prazo.

Assim, nesta quarta-feira, após cinco meses de trabalho, foram apresentadas as 14 propostas nas quais os 19 especialistas participantes, provenientes das áreas mais diversas, como ciência, tecnologia, academia, setor empresarial, comunicações, autoridades e associações, chegaram a um consenso. 

Entre os integrantes do comitê estão a ambientalista Sara Larraín, os ex-ministros do Meio Ambiente Marcelo Mena e Carolina Schmidt, o ex-campeão da COP 25, Gonzalo Muñoz, e Bárbara Saavedra, diretora da Wildlife Conservation Society.

“Agradeço imensamente a essas 19 pessoas, às quais entrei em contato por telefone pessoalmente, por aceitarem este convite, por disponibilizarem seu tempo escasso e suas enormes capacidades para, através do diálogo, encontrar essas medidas de consenso”, disse a ministra do Meio Ambiente, Maisa Rojas, nesta quarta-feira, na cerimônia de apresentação do relatório, no Palácio Pereira, no centro de Santiago.

Entre as 14 propostas estão o aumento da captura de carbono no setor agroflorestal e a prevenção de incêndios florestais; “Promover a construção em madeira”; “Impulsionar a economia circular nas cidades”; “Fomentar a transição de uma economia baseada em matérias-primas fósseis para uma fundada em recursos biobaseados renováveis”; e “Reutilização e valorização de biomassa agrícola e florestal”, entre outras.

Ações na indústria florestal

Algumas das propostas estão focadas diretamente no valor e na importância que o setor florestal e as plantações têm para a captura de carbono e a mitigação das mudanças climáticas. Diante disso, o ministro da Economia, Nicolás Grau, afirmou que a indústria pode impulsionar uma agenda integral que “combine o emprego de qualidade, como com qualquer trajetória de desenvolvimento necessita. Ao mesmo tempo, uma agenda ambiental muito forte, pelos materiais que substituem a construção em madeira e o impacto que eles têm na liberação de carbono; e o tecnológico. Precisamos fazer um esforço como país para avançar mais rápido nesses setores”.

Por sua vez, o CEO da CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, agradeceu o convite para fazer parte do grupo e disse que “valorizamos e agradecemos muito que o Governo tenha decidido formar este comitê para abordar um tema tão relevante para o país e o planeta e que tenha considerado que o setor florestal pode e deve gerar uma contribuição significativa”.

De acordo com o documento, a indústria da madeira e das plantações florestais desempenha um papel fundamental no desafio de atingir as metas de captura de carbono e neutralidade de carbono. Entre as ações, destaca-se a promoção da construção em madeira, que permitirá o desenvolvimento de uma indústria de matérias-primas biobaseadas, impulsionando a economia circular. Outro objetivo é aumentar de 18% para 28% o uso da madeira como material predominante na estrutura da construção até 2030.

“Os produtos biobaseados – tipicamente a madeira e seus derivados – podem ser submetidos a processos de transformação em cascata, facilitando o uso integral dos recursos. Da mesma forma, os ciclos de reciclagem tendem a ser mais simples e eficazes, e os recursos gerados são frequentemente biodegradáveis em condições que prevalecem na natureza”, afirma o documento, na seção “Substituição de matérias-primas fósseis por biobaseados”.

O comitê também propõe aumentar a massa florestal e outras massas vegetais terrestres e marinhas no Chile (florestas naturais e plantações, árvores frutíferas, áreas úmidas, algas, entre outras). Em 2023, a superfície coberta por massa florestal representava 23,8% do território nacional, com mais de 18 milhões de hectares. Deste total, a floresta nativa representa 81,62%, enquanto as plantações florestais cobrem uma superfície de 17,37%. Essa é a massa vegetal responsável por metade do compromisso de neutralidade de carbono do Chile até 2050. 

Outra das propostas voltadas para o setor florestal é avançar na prevenção de incêndios florestais, que são cada vez mais frequentes e intensos devido às condições ambientais propiciadas pelas mudanças climáticas. Por exemplo, os grandes incêndios de 2017 contabilizaram emissões de cerca de 68.000 kt CO2 eq, superando o que foi emitido pelo transporte terrestre, geração de eletricidade e indústrias somadas durante o mesmo ano.

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