Puerto Saavedra se prepara para sediar o recorde do maior tear do mundo

No próximo dia 21 de maio, na Costanera (calçadão à beira-mar/beira-rio) de Puerto Saavedra, será realizado o evento onde vários teares serão unidos para formar o maior tear do mundo. A iniciativa busca quebrar o recorde, hoje em mãos de uma obra realizada na China em 2017 quando 322 tecedoras fizeram um tear de 276 metros quadrados.

Cada vez falta menos para o que poderia ser um fato histórico no país: O primeiro recorde mundial realizado 100% por tecedoras mapuches. Trata-se de “Nguren 1km”, projeto realizado pela Fundación Chilka em colaboração com a CMPC, municípios, universidades e o Governo do Chile e que busca alcançar este marco, mostrando à comunidade o que seria o maior tear do mundo com uma extensão de um quilômetro de comprimento e cinquenta centímetros de largura. Este tear irá representar um Relmü, arco-íris no idioma mapudungún.

No total, serão 500 tecedoras que irão se reunir no próximo dia 21 de maio, às 8 horas da manhã, no calçadão de Puerto Saavedra, para começar a juntar as partes deste tear que urdiram nas suas casas ou com suas comunidades. Uma vez unidas, um juiz internacional irá avaliar o tear e o número de tecedoras para certificar se corresponde a um novo recorde ou não.

Faltando poucos dias para a tentativa deste recorde mundial, no Espacio Fibra Local de Temuco foi celebrada uma cerimônia para marcar a contagem regressiva deste importante fato. Esta cerimônia contou com a participação de algumas das tecedoras, o prefeito do município de Puerto Saavedra, Juan Paillafil e o presidente da Fundação Chilka, Ariel Traipi. Este último destacou que, após um duro trabalho que se estendeu por vários anos, o “sonho” vai se materializando.

“Nós estamos dando um sinal de esperança para a nossa região, para o nosso povo. Então, com este trabalho não queremos, apenas, marcar um precedente histórico, mas estamos contribuindo com a identidade do nosso povo, estamos deixando um legado para as futuras gerações”, comentou Ariel Traipi.

Patricia Lipin, uma das tecedoras que coordenou um grupo de mulheres do território de Puerto Saavedra, declarou que “somos muitas tecedoras, de diferentes territórios e algumas da Argentina, também. Estamos muito contentes e felizes porque isto já está acabando e a gente esperava há muito tempo. Como povo, é muito importante, porque é uma coisa nunca antes feita. De alguma maneira, nós sempre quisemos demonstrar o nosso trabalho porque é um trabalho ancestral no qual já estamos trabalhando há muito tempo, e isto é uma forma de mostrar a nossa cultura e trabalho”.

O tear buscará quebrar o recorde atual, mantido por uma obra realizada na China em 2017 e, para isto, terá um juiz internacional para certificá-lo.

O Diretor da Fundação Chilka, Ariel Traipi, também revelou o trabalho colaborativo que esta iniciativa implica. “O kelluwin (em mapudungun: solidariedade desde uma dimensão comunitária) é a base fundamental que move a nossa cultura. É parte da colaboração e ajuda mútua e isso tem sido fundamental, porque foi a primeira coisa que deu suporte a este trabalho. Sozinhos não teríamos conseguido. A gente conseguiu abordar este processo com o apoio de múltiplas pessoas”, explicou.

Juan Paillafil, prefeito de Puerto Saavedra, destacou que “nós, como município de Puerto Saavedra, quisemos acompanhar esta iniciativa porque acreditamos que o trabalho que as nossas tecedoras têm feito representa a arte, o trabalho e o sacrifício da nossa mulher mapuche”.

Por sua vez, Juan Carlos Navia, chefe de Assuntos Corporativos Sul da CMPC, asseverou que “como empresa que tem muita presença em territórios onde há comunidades mapuches, não podíamos estar ausentes. Não podíamos estar ausentes de uma iniciativa tão potente como esta, não apenas para a região, mas, também, para todo o país. É uma iniciativa tremenda que demonstra que, quando o trabalho é conjunto entre atores públicos e privados com o mundo mapuche, podem ser alcançadas grandes coisas”.

Após este marco, o tear será exibido no Museu Ferroviário de Temuco, para, após isso, ser dividido em quatro partes a serem distribuídas pelo país, e algumas buscarão ser exibidas em diferentes espaços no mundo, como o Museu do Louvre ou o Fórum Permanente das Nações Unidas.

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